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Ainda embrionária, montagem da proporcional de Rui gera tensões partidárias; entenda  


Publicado em: 11 de maio de 2018


 

Se a bancada de oposição tem seus problemas quando o assunto é coligação proporcional (entenda aquiaqui e aqui), na base governista, a situação não é muito diferente. O Bahia Notícias apurou com uma fonte do governo que, mesmo com as negociações em relação ao tema ainda embrionárias, enquanto o governador Rui Costa não decide qual será a sua chapa majoritária, algumas tensões estão se estabelecendo dentro do grupo político dele. Uma delas, por exemplo, é em relação ao PDT, partido comandado no estado pelo deputado federal Félix Mendonça Jr. A sigla já anunciou que o objetivo é participar de um possível chapão nas eleições para deputado estadual, mas sair sozinho na disputa pela Câmara dos Deputados. A chapa única dos pedetistas para deputados federais é considerado o grande “filé” da legenda para o pleito. Com a perspectiva de obter uma grande quantidade de votos de legenda trazidos pela candidatura de Ciro Gomes à Presidência da República e também pelo alto número de candidatos da agremiação, a expectativa é de uma boa eleição com bons frutos para o partido no quesito Brasília. Entretanto, a recusa da legenda em coligar no chapão para a Câmara pode fazer alguns partidos da base de Rui chiarem. A avaliação é que a situação será questionada, já que a legenda quer se aproveitar do chapão para AL-BA porque pode lhe trazer resultados melhores, mas, quando lhe convém, não pretende marchar com o arco de alianças do governador quando não lhe convém. Um outro fator gerando tensões na base chama-se PSD. O partido, que se tornou a sensação da política baiana, está na mira dos demais aliados por causa da força política de seus candidatos à AL-BA. O problema da legenda é que os nomes na disputa são conhecidos como “puxadores de votos”, aqueles com grande votação, portanto, praticamente eleitos. A questão é que, com isso, o PSD não tem os chamados candidatos escada, com menor potencial, mas que podem trazer votos de legenda, ajudando, assim, a eleger pessoas de outros partidos da coligação. O temor, então, é que a legenda acabe retirando vagas ao invés auxiliar a chapa. A situação é contrária à do PT, por exemplo. Alguns nomes petistas têm altas votações, mas outros possuem desempenho médio, dando equilíbrio na composição da coligação. Tem governista batendo o pé para não ter o PSD no chapão, mas o todo-poderoso partido não quer nem ouvir falar em sair sozinho. Um problema que o governador Rui Costa precisará administrar, pois, caso uma das vagas na majoritária fique realmente com os sociais-democratas, alguns parlamentares vão bater o pé. Eles questionam o fato de que estar na majoritária é um lugar de destaque e, por isso, o partido não teria como exigir ficar no chapão, algo encarado como benefício duplo e grande demais. O jogo por trás da montagem desse arco de alianças não para por aí. Outro no radar dos governistas é o PCdoB. Os comunistas trabalham com a ideia de sair sozinhos tanto para deputado estadual quanto federal. A questão é que muitas siglas defendem o chapão e podem ficar insatisfeitas com a postura do partido, gerando mais um problema para Rui contornar. E, por fim, quem entrou no jogo também foi o PRP. A legenda ainda não decidiu se vai de coligação com os partidos maiores ou se sai sozinha. O X da questão é o deputado estadual Jurandy Oliveira. Recém-filiado ao partido após deixar o Pros, Oliveira se deparou com um grande concorrente dentro do próprio PRP. Trata-se de Paulo Cezar, ex-prefeito de Alagoinhas. Considerado um nome com mais potencial eleitoral do que alguns parlamentares atualmente na AL-BA, Cezar oferece perigo ao futuro eleitoral do correligionário. A questão é simples. Se o PRP sair sozinho, por ser um partido pequeno, teria condições de fazer apenas um deputado. Neste caso, Cezar, deixando Oliveira fora da Assembleia. No entanto, se coligar com o chapão, a agremiação pode ter chances de eleger dois deputados, ampliando, então, as possibilidades do parlamentar. A avaliação, então, é que, caso o PRP queira não coligar, encontraria em Oliveira um impeditivo. Agora, basta esperar a intensificação das negociações para acompanhar quais contornos ganharão estes problemas. Quem terá papel fundamental para arbitrar esses conflitos será o governador. No entanto, ninguém sabe se ele estará disposto a se envolver nesta história. Se Rui pensa que sua dificuldade está apenas em fechar a majoritária e acomodar quem ficará de fora, pode se preparar para mais tempestade. 

por Bruno Luiz