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Bolsonaro permaneceu dois dias na embaixada da Hungria e pode tentar buscar asilo político, revela New York Times


- Crédito da Foto: Divulgação/The New York Times - Publicado em: 27 de março de 2024


Quatro dias após a Polícia Federal (PF) confiscar o passaporte do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e prender dois de seus ex-assessores sob acusações de planejamento de um golpe de Estado, Bolsonaro foi avistado na entrada da Embaixada da Hungria no Brasil, conforme mostram imagens das câmeras de segurança da embaixada, obtidas pelo The New York Times.

 

O Times analisou as imagens de quatro câmeras na Embaixada da Hungria durante um período de três dias, revelando que Bolsonaro chegou na noite de segunda-feira, 12 de fevereiro, e partiu na tarde de quarta-feira, 14 de fevereiro. As filmagens mostram que o ex-presidente permaneceu na embaixada nos dois dias seguintes, acompanhado por dois seguranças e recebendo atenção do embaixador húngaro e de membros da equipe. Bolsonaro, atualmente alvo de várias investigações criminais, está protegido contra prisão em uma embaixada estrangeira que o acolhe, pois está legalmente fora do alcance das autoridades nacionais.

 

A estadia na embaixada sugere que o ex-presidente estava tentando aproveitar sua amizade com um colega líder de extrema direita, o primeiro-ministro Viktor Orbán da Hungria, na tentativa de evitar o sistema de justiça brasileiro enquanto enfrenta investigações criminais.

 

O Times autenticou as imagens através de comparações com outras fontes, incluindo imagens de satélite que mostravam o carro em que Bolsonaro chegou estacionado na garagem em 13 de fevereiro.

 

Um funcionário da embaixada húngara, que preferiu manter sua identidade em sigilo, confirmou o plano de receber Bolsonaro. O advogado de Bolsonaro se absteve de fazer comentários, e a Embaixada da Hungria não respondeu aos questionamentos do Times.

 

BOLSONARO E ORBAN

 

Segundo a reportagem do Times, Bolsonaro e Orbán mantêm uma relação próxima há anos, encontrando afinidades como dois dos líderes de extrema direita em nações democráticas. Durante uma visita à Hungria em 2022, Bolsonaro chamou Orbán de seu “irmão”.

 

Naquele mesmo ano, o ministro das Relações Exteriores da Hungria questionou um funcionário do governo Bolsonaro sobre como a Hungria poderia auxiliar na reeleição de Bolsonaro, conforme relatado pelo governo brasileiro. Em dezembro, Bolsonaro e Orbán se reuniram em Buenos Aires para a posse do novo presidente de direita da Argentina, Javier Milei. Na ocasião, Orbán chamou Bolsonaro de “herói”.