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Feira em História: Filarmonica 25 de Março – Uma joia da Princesa de Sertão


Publicado em: 3 de janeiro de 2018


Por: Adilson Simas

Atual presidente da filarmônica “25 de Março”, o professor Carlos Brito [na foto abaixo] que tanto tem contribuído com a preservação da memória da Feira de Santana, fala do trabalho dos atuais dirigentes da secular instituição feirense, sem esquecer-se das glorias e conquistas que marcam a sua existência. Vale a pena a leitura do seu texto.

Em 25 de março de 1868, um grupo de moradores da Princesa do Sertão, objetivando contribuir como desenvolvimento cultural de nossa cidade, resolveu criar uma sociedade filarmônica, que seria denominada de Sociedade Filarmônica 25 de Março. Com sua primeira diretoria formada por João Manoel Laranjeira Dantas, Eduardo Franco, Afonso Nolasco, Antônio Joaquim da Costa, Alípio Cândido da Costa, José Pinto dos Santos (Cazuza do Deserto), Joaquim Sampaio, Francisco Costa, Galdino Dantas, Juvêncio Erudilho, José Nicolau dos Passos, Alexandre Ribeiro, Joviniano Cerqueira, Pedro Nolasco Néu e Tibério Constâncio Pereira, a sociedade representa no imaginário de todos que aqui residem, um ícone em nossa história, que sempre traz uma doce lembrança na vida de milhares de feirenses, que tiveram o privilégio de ouvir as suas retretas em nossas praças e em todas as festividades comemorativas que por aqui aconteciam. Não se pode falar de filarmônicas em nosso Estado, sem incluir nos comentários e/ou matérias jornalísticas, a grande filarmônica dirigida pelos Maestros Estevam Moura e Tertuliano Santos, que, em seus tempos de glória, encantou a todos.

Um grande questionamento que vem sendo realizado nos dias atuais, é sobre as razões do nome da entidade. Acredito que a motivação foi uma homenagem à data da outorga da l Constituição Imperial do Brasil, em 25 de Março de 1824, já que a mesma foi fundada no período da monarquia. Apesar desta minha opinião, realizei algumas buscas, em escritos da sociedade e nada encontrei. Por outro lado, durante a pesquisa que realizei, nos poucos documentos recuperados e no Cartório de Registros de Títulos, Documentos e das Pessoas Jurídicas, encontrei a certidão de nosso primeiro registro e pude verificar que o primeiro estatuto foi registrado em 30 de Novembro de 1921 e no mesmo consta o seguinte: A Sociedade 25 de Março, cujos fins são: Cultivar e desenvolver a arte municipal, formando dentre os seus associados uma banda de música e socorrer os sócios que por moléstia ou qualquer outra circunstância prevista no estatuto se declararem impossibilitados de promover os meios de sua subsistência. A sua sede é nesta cidade de Feira de Sant’Anna, em edifício proprio, à Rua Cons. Franco, nº 33. Apesar destas evidencias, não descansarei enquanto não encontrar o registro de nossa Certidão de Nascimento (Ata de Fundação) ou, na pior das hipóteses referências para que possamos reescrevê-la.

A Secular Sociedade Filarmônica 25 de Março, esta senhora de 146 anos, é motivo de orgulho para toda comunidade feirense. Não somente por sua contribuição para formação de muitos jovens de sociedade, como também pelos feitos realizados ao longo de sua vida, que muito encheram de orgulho os moradores e admiradores da Princesa do Sertão. Não quero e não vou olhar para o passado, objetivo de justficar a situação que a entidade se encontrava, quando assumimos. Isto, porque acredito que nada iria contribuir para o fortalecimento da sociedade e nem iria ajudar-nos a constitruir o seu futuro. Sem ser muito pretensioso, falo que o futuro da sociedade será brilhante, pois acredito que istituição com uma história tão bela, como a nossa Secular Filarmônica 25 de Março, jamais morrerá. Sempre teremos abnegados que estarão prontos a ajudá-la a seguir em frente e repetir com galhardia conquistas que muito dignificaram os feirenses. Como podemos esquecer as conquistas que tivemos, nos Concursos realizados, durante as Festas de Senhora Santana, nossa Excelsa Padroeira, onde quase sempre tiravamos o primeiro lugar, nas disputas com as sociedades coirmãs? Como esquecer a conquista do Troféu WERIL, com uma exibição de gala, durante a realização no 4° Festival de Filarmônica do Interior, em 1978 e promovido peça SETRABES? Se fosse contar aqui todas as conquistas da sociedade, não teria espaço suficiente. Entretanto não teria como deixar de relembrar o 1° Campeonato Nacional de Bandas, realizado no Rio de Janeiro e promovido pelo MEC- Ministério de Educação e Cultura, através da Fundação Nacional de Arte – Funarte e pela Rede Globo de Televisão, através de um programa realizado aos domingos, chamado Concertos Para Juventude. Este campeonato tem registros que narram uma instituição altamente injustiçada com a nota atribuí da pelo Maestro Júlio Medalha, colocando-a em 3° lugar, com a nota 8,5. Na disputa a nossa banda foi ao Rio de Janeiro, sob o comando do Presidente João Domingos Barbosa Doute, com os seguintes músicos: Alfredo, Toninho, Arcanjo e Jacinto (tubas); Zequinha, José Ferreira ,Agostinho, Farias e Francisco (trombones); Nagib, Gilberto, Elias, Valdomiro, Zabidiel (pistons); Dé, Wilton, Aquino (trompas); Bento, Chicão, Ferreira e Carlito (saxofones); Tupinam (sax barítono); Braga, Eloi, Ulises, Otoniel, Humberto, Nivaldo e Bonfim (clarinetas); Nilo (requinta); Raimundo (caixa); Rafael ( flautim); Saul (pratos); Aloísio (bumbo); Raimundo (tambor). Afilarmônica teve como regente o Maestro Claudeniro Daltro (Maestro Miro). Nunca uma instituição cultural divulgou tanto o nome de nossa cidade como a Secular Sociedade Filarmônica 25 de Março.

Como escrever sobre a Secular Filarmônica 25 de Março e não registrar os talentosos Maestros Tertuliano Santos e Estevam Moura? Com uma grande produção musical, os dois gênios deixaram para as futuras gerações de músicos, um incontável acervo de partituras que vêm sendo utilizadas por filarmônicas e pelas escolas de músicas em todo país.

O processo de revitalização da Secular Filarmônica 25 de Março, indispensável para rejuvenescimento e futuro da mesma, foi iniciado em 07 de agosto de 2014, com a aula inaugural da Escola de Música Maestro Estevam Moura. Esta escola, um sonho do maestro, foi concebida para manter vivo o seu projeto de formar jovens músicos para compor o corpo musical da sociedade, promover o ensino e a divulgar a música, que além de humanizar e sociabilizar, ajuda a desenvolver a coordenação motora, o raciocínio e os auxilia até mesmo a compreender melhor a vida.

Como todo sonho para ser implementado, precisa ter ações concretas para sua realização. Buscamos na comunidade feirense, o apoio para aquisição de todo instrumental da escola e o resultado não poderia ser outro, conseguimos em quinze dias arrecadar os valores necessários para aquisição do mesmo. Isto é uma prova inconteste do amor que o povo de nossa cidade tem pela Secular Filarmônica 25 de Março.

Por outro lado, estamos contando com a colaboração voluntária do Maestro Antônio Carlos Batista Neves Júnior, que vem comandando com muita eficiência a formação e preparação dos 23 jovens músicos, utilizando para tanto o método  de ensino do Professor Joel Barbosa, com aulas vespertinas, às segundas, quartas e sextas- feiras no Centro Comunitário Ederval Femandes Falcão.

Nesta luta incansável pelo resgate da Sociedade Filarmônica 25 de Março, temos um grande desafio, a restauração da sede da Rua Conselheiro Franco. O primeiro passo já foi dado, a elaboração do projeto para recuperação do telhado e logo em seguida irá executar o projeto. Após a reforma do telhado, começaremos a busca para a aprovação do projeto para reforma total da edificação, através dos programas de incentivos fiscais dos governos federal e estadual. O sonho de nossa entidade é restaurar o velho prédio, para devolvê-lo à comunidade feirense em todo seu esplendor.