Publicado em: 29 de janeiro de 2018
O presidente Michel Temer afirmou nesta segunda-feira, em entrevista à rádio Bandeirantes, que gostaria que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disputasse as eleições de outubro e fosse derrotado no voto, alegando que uma derrota do petista nas urnas “pacificaria” o país.
“Do ponto de vista do quadro político eu pessoalmente apreciaria que ele não tivesse essas responsabilizações todas, pudesse disputar a eleição e fosse vencido no voto. Isso pacificaria o país. Essa fórmula da sua não participação, tensiona o país”, defendeu Temer.
“Eu pessoalmente penso que, do ponto de vista essencialmente político, se ele tivesse como participar das eleições e eventualmente ser derrotado, seria mais tranquilo.”
Questionado se o ex-presidente, condenado na semana passada em segunda instância por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, estaria “morto politicamente”, Temer avaliou que não. Poderia, disse, estar morto “eleitoralmente”, se não puder concorrer.
“A figura dele é de muito carisma, não é sem razão que ele ocupa as primeiras posições em toda e qualquer análise”, disse. “Dizer que a imagem dele, a palavra dele, a presença passada dele não vai ter alguma influência, aí acho que morto ele não está.”
Ao tratar de seu governo, Temer afirmou que está satisfeito com o que tem feito em seu governo e aproveitou sua impolularidade –como lhe sugeriu o publicitário Nizan Guanaes– para fazer o que considerava bom para o país.
O presidente reafirmou que não será candidato à reeleição e apenas em maio deixará claro quem irá apoiar. “Eu quero alguém que defenda meu legado”, disse.
Temer reclamou novamente do que diz ter sido uma campanha pessoal contra ele e disse que irá dedicar os seus últimos seis meses de governo a recuperar sua imagem.
“Fui desmoralizado por alguns embates de natureza moral. Nesses 6 meses vou me dedicar à recuperação dos meus aspectos morais. Não vou admitir mais que digam presidente trambiqueiro, que fez falcatruas”, reclamou.
Temer disse ainda que não se arrependeu em momento algum de ter apontado a deputada federal Cristiane Brasil (PTB-RJ) para o Ministério do Trabalho e criticou a interferência do Judiciário em decisões do Executivo.
“A Constituição determina não só independência dos Poderes mas sua harmonia. Eu prezo a separação dos Poderes. A competência de nomear ministros é do presidente”, afirmou. “Eu serei respeitoso com a independência e harmonia dos Poderes. Se no final o Judiciário disser que não pode, tudo bem. Mas eu creio que seria de bom tom que tivéssemos essa vitória, que não é do governo, mas do sistema jurídico.”
Cristiane Brasil foi indicada no dia 3 de janeiro, mas foi impedida de tomar posse por uma liminar do juiz Leonardo Couceiros, da Justiça Federal em Niterói. Desde então, o governo sofreu uma série de derrotas e ainda não conseguiu empossar a deputada.
No último revés, depois de a liminar ser derrubada no Superior Tribunal de Justiça, a presidente do Supremo Tribunal Federal, Cármen Lúcia, revogou a decisão afirmando que a prerrogativa sobre o caso é do STF.
O governo quer a deputada, indicada por seu pai, o presidente do PTB, Roberto Jefferson, para garantir os cerca de 15 votos prometidos por Jefferson para reforma da Previdência.
Por Lisandra Paraguassú