- Crédito da Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados - Publicado em: 3 de fevereiro de 2025
Parlamentar, que era o candidato mais cotado para vencer o pleito, teve como adversários o Pastor Henrique Vieira (PSOL-RJ), que ficou com 22 votos, e Marcel van Hattem (Novo-RS), com 31 votos
Hugo Motta (Republicanos-PB) é o novo presidente da Câmara dos Deputados. Eleito no sábado (1º), o parlamentar foi eleito com 444 votos de um quórum de 499 deputados votantes (14 dos 513 não votaram).
Motta, que era o candidato mais cotado para ganhar a eleição, teve como adversários o Pastor Henrique Vieira (PSOL-RJ), que ficou com 22 votos, e Marcel van Hattem (Novo-RS), com 31 votos. Em seu discurso de posse, Hugo Motta fez várias menções ao ex-deputado Ulysses Guimarães (1916-1992), inclusive repetindo a frase histórica deste “tenho nojo e ódio à ditadura”.
“Nesta cadeira de Ulysses, às vésperas de completar quatro décadas em homenagem a todos os presentes, aos brasileiros, à democracia, ao respeito às instituições e entre as instituições, faço questão de relembrar o gesto histórico de Ulysses ao promulgar a constituição que juramos respeitar. Viva a democria”, bradou Motta, levantando-se da cadeira e segurando um exemplar da Constituição Brasileira.
O deputado disse, ainda, que tem a humildade de reconhecer que podemos e temos que nos aperfeiçoar sempre. “Tenho absoluta certeza, também, que que o passado é um caminho sem volta, pois sabemos todos muito bem aonde termina: termina na destruição da política, no colapso da democracia. E isso não podemos mais correr o risco de experimentar”, afirmou.
Motta destacou que têm razão aqueles que pregam pela transparência. “Sou o primeiro dessa fila, sou a favor de uma radicalização quando falamos de transparência nas contas que são, por definição, públicas. Temos hoje a tecnologia das plataformas digitais capazes de acompanhar em tempo real cada centavo dispendido por todos os Poderes, porque esse parlamento, responsável que é pelo orçamento, como determina a Constituição, não oferecer à sociedade uma plataforma integrada de todos os poderes para que os brasileiros e brasileiras possam acompanhar todas as despesas em tempo real de todos os Poderes”, reclamou.
Ainda quanto à transparência, Motta disse que o que não pode haver é opacidades e transparências relativas. “O princípio é o da igualdade entre os Poderes. A praça, sempre lembremos, é dos três e não de um nem de dois Poderes. E quando não é dos três, não é a praça da democracia, e todos defendemos a democracia porque sem democracia este livro não é a Constituição, não é a civilização, é um pedaço de papel, é letra morta. Vamos lutar pela nossa Constituição”, complementou.
Em uma parte do discurso em que falava sobre democracia, o novo presidente da Câmara foi interrompido por gritos de “sem anistia” por parlamentares que assistiam ao discurso, numa referência aos presos por golpismo no episódio que ficou conhecido como 8 de janeiro em que as sedes dos Três Poderes foram invadidas e depredadas por bolsonaristas.
“Se não formos capazes de entender e agir de forma prática, responsável e urgente para libertar o Brasil das amarras que aprisionam nosso futuro, não estaremos à altura deste lugar e desta hora. Não podemos continuar desperdiçando seu presente e sacrificando seu futuro. Não podemos continuar penalizando a nossa gente, porque não existe um caminho da direita, da esquerda, do centro, existe apenas o caminho do Brasil”, continuou, em outra parte do discurso.
Hugo Motta encerrou com a frase “ainda estamos aqui”, numa alusão ao filme “Ainda Estou Aqui (2024)”, de Walter Salles, que conta a luta de Eunice Paiva, esposa do deputado Rubens Paiva, morto durante a ditura, em busca de informações sobre o marido desaparecido.
O deputado contou com o apoiado por 18 partidos, inclusive o PP do atual presidente Arthur Lira (AL), que o apoiou. A candidatura de Motta era tida como única até os últimos dias de novembro, quando o PSOL lançou o nome de Henrique Vieira para concorrer.
Também em oposição ao atual presidente da Câmara, o Novo lançou van Hattem na segunda-feira (27), a cinco dias do pleito. A legenda era a única que não havia declarado apoio a nenhum candidato.
Para ser eleito, o candidato à presidência da Câmara precisava receber a maioria absoluta de 257 votos no primeiro turno ou ser o mais votado no segundo turno. O voto foi secreto. A gestão tem duração de dois anos, com chance de reeleição.