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Lula em entrevista a Folha: “Não tenho medo de nada e vou até o fim


Publicado em: 1 de março de 2018


Em uma longa entrevista à jornalista Mônica Bergamo, o ex-presidente Lula demonstrou tranquilidade e afirmou que a pressão está do lado de quem o acusa sem provas; líder absoluto em todos os cenários de intenção de voto para 2018, Lula disse que é contra sabotar as eleições; o ex-presidente avisou que o PT só vai discutir outra candidatura se ficar definitivamente excluída a possibilidade de que ele concorra; o ex-presidente voltou a destacar a parcialidade do Ministério Público, do TRF-4 e do juiz Sérgio Moro; o petista também criticou a postura de Ciro Gomes e os seguidos ataques que o pré-candidato tem feito a ele e ao PT

247 – O ex-presidente Lula concedeu uma longa entrevista à jornalista Mônica Bergamo, na Folha de S.Paulo, em que voltou a reafirmar sua tranquilidade diante da certeza de sua inocência e da ausência de provas que o incriminem.

“Sabe por que não tenho medo? Porque eu tenho a consciência tão tranquila. Sabe do  que eu tenho medo de verdade? É se esses caras pudessem mostrar à minha bisneta que fez um ano no domingo que o bisavô dela roubou um real. Isso realmente me mataria”, disse o petista.

Lula rejeitou a comparação do atual momento com o período que antecedeu o suicídio de Getúlio Vargas.

“Até porque não vou me matar. Eu gosto da vida pra cacete. E quero viver muito. Tô achando que eu sou o cara que nasceu para viver 120 anos. Dizem que ele já nasceu, quem sabe seja eu?

Tô me preparando. Levanto todos os dias às 5h da manhã, faço duas horas e meia de ginastica, tomo whey [complexo de proteínas] todo dia para ficar bem forte. E vou levando a vida assim. Eu não tenho essa perspectiva nem de me matar nem de fugir do Brasil. E vou ficar aqui. Aqui eu nasci, aqui é o meu lugar. Eu não tenho medo de nada. Só de trair o povo desse país. É por isso que eu estou aqui, fazendo a minha guerra”, disse.

Líder absoluto nas pesquisas, Lula aproveitou para falar como sua candidatura incomoda. Tanto à esquerda quanto à direita. O petista rebateu a declaração de Ciro Gomes de que “ninguém acredita que ele seja candidato”.

“Quando chegar o momento certo, o PT pode discutir todas as alternativas. Eu sou contra boicotar as eleições”, disse.

“Se eu não acreditasse na possibilidade de a Justiça rever o crime cometido contra mim pelo [juiz Sergio] Moro, [que o condenou à prisão] e pelo TRF-4 [Tribunal Regional Federal da 4ª Região, que confirmou a sentença], eu não precisaria fazer política.

(…)

Não acho que ninguém acredita na possibilidade de eu ser candidato. Era mais fácil o Ciro dizer “tem gente que não quer que Lula seja candidato”. E ele quem sabe se inclui nisso.

Só tem unanimidade hoje no meio político: as pessoas não querem que o Lula seja candidato. O Temer não quer, o Alckmin não quer, o Ciro não quer. Eles pensam: “ele [Lula] vai para o segundo turno e pode até ganhar no primeiro. Se ele não for candidato, em vez de uma vaga no segundo turno, podemos disputar duas”. Aumenta a chance de todo mundo.”