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Que tipo de valor tem uma internet que compartilha a morte como lazer?


Publicado em: 14 de fevereiro de 2018


Estamos diante de um grande impasse (diga-se de passagem, em quase todos os momentos da nossa vida): ora deveríamos nos orgulhar e exaltar toda a gama de possibilidades que criamos e que usufruímos – ou logo vamos usufruir – em relação aos avanços tecnológicos, que tanto nos são uteis, ora estas mesmas ferramentas nos sentenciam a um novo horror baseados em perversidades, abusos, desrespeitos e violências, em graus menores e maiores.
E, dentre outra série de absurdos que soubemos terem sido praticados através dos recursos tecnológicos (inclusive as “inocentes correntes), outro veio se somar e deixar mais uma vez a marca da fatalidade diante da imbecilização coletiva que toma conta das redes sociais. E parte da internet é levar lazer para nossa intimidade. Mas desde quando compartilhar ideias de morte é um lazer?
Recursos que aprisionam e/ou machucam – principalmente – os mais sugestivos e frágeis, no caso em questão, as crianças. Pois é, devido a um vídeo mais que idiota de uma celebridadezinha instantânea qualquer, uma menina inocente se foi. Para imitar a “experiência” sugerida por um vídeo que circulava na internet, a menina em questão inalou o jato do conteúdo de um frasco de desodorante, o que a levou a uma parada cardíaca e à morte.
Não sabemos a que ponto chegamos? Só se formos cegos e burros de carteirinha. Não sabemos se não quisermos, pois  estamos gradativamente destruindo tudo ao nosso redor por escolha própria, seja por descaso, seja por assertiva, seja por inércia. Escolhemos sim.
Não fazemos nada para tentar mudar nada. E sobre a bulimia e a anorexia, que também circulam na internet como ponto de encontro entre adolescentes e jovens? E as redes monstruosas de suicídio, até com passo a passo para os interessados? E as redes de bullying? E as ofensas gratuitas de uns contra os outros ? Piadas, mensagens, emoticons, gifs debochados, etc?  Inclusive de adultos supostamente maduros e responsáveis. As redes sociais tornaram-se local de expiação e usurpação dos meandros da sociedade.
Ao mesmo tempo em que deixa incógnito alguns, expõe outros. E muitos dos expostos são criaturazinhas sem um ínfimo objetivo valorável que possa ser digno de ser chamado de útil, interessante ou bom para ser “compartilhado’. Sem espaço para nenhum tipo de relativismo barato, desses que que estão dando espaço e popularidade a toda espécie de imbecilidade e sordidez virtual.
Pais, cuidadores, professores, autoridades, deveriam abrir largamente os olhos para a questão da segurança das crianças no uso das tecnologias, já que todo tipo de porcaria circula livremente. As crianças são as mais vulneráveis. Não é nem um pouco “moderno” deixá-las à toa usufruindo do uso das redes sociais aleatoriamente, quanto mais as menores de 10 anos que nem chegaram à pré -adolescência e já consomem o pior que nós adultos podemos lhes servir.
Cristine Souza